julho 2019

Publica-se agora a Newsletter do mês de Junho. De entre as várias notícias passíveis de serem nota nesta publicação, optou-se por um interessante conjunto de referências a atividades e espaços de visita em Dioceses que não têm estado tão presentes neste instrumento de comunicação da ONPT. Aveiro, Viana do Castelo, Porto e Funchal, definem os conteúdos desta Newsletter.

Agradeço ao Cónego Francisco Couto a elaboração desta Newsletter e a sua solicitude por estas Igrejas de que nos dá nota. 

Pe. Carlos Godinho
Diretor da ONPT 

Aveiro

5 a 8 julho: Festas em honra de Nossa Senhora da Penha de França na Vista Alegre (Ílhavo)

A festa em honra da Nossa Senhora da Penha de França, que acontece em Ílhavo de 5 a 8 de julho, foi incluída no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial em 2015, atestando-se a efetiva genuinidade de representação da comunidade operária do Bairro da Vista Alegre. Remontando ao séc. XVIII, num período anterior ao estabelecimento da famosa Fábrica de Porcelana, foi sendo lentamente absorvida por esta, sendo os festejos hoje indissociáveis da instituição e adotam múltiplas dimensões culturais. Trata-se de uma festa religiosa diferente do habitual na medida em que inclui uma panóplia de atividades associadas à comunidade operária residente e às suas vivências culturais e lúdicas, com visitas ao bairro e aos seus equipamentos, jogos tradicionais, concertos musicais e ainda a “venda de oportunidades”, que muita gente atrai todos os anos, a par das celebrações religiosas, que incluem a Eucaristia na icónica Igreja da Vista Alegre e a procissão.

Conheça todo o programa da festa aqui: https://press.vistaalegre.com/biblioteca/downloads/Flyer2019FHNSP.pdf

Viana do Castelo

Romaria de Nossa Senhora d’ Agonia: a Romaria que une o céu, a terra e o mar 

Falar da Romaria de Nossa Senhora d’Agonia é falar dos belíssimos trajes envergados pelas mulheres de Viana, dos bombos e bandas de música que inundam de alegria a cidade, dos grupos folclóricos do concelho que fazem da rua o seu palco, dos fogos de artifício que inundam os céus. Falar da Romaria de Nossa Senhora d’ Agonia é falar de encontro de sorrisos e lágrimas tantas vezes “desencontrados” ao longo do ano. Falar da Romaria de Nossa Senhora d’ Agonia é, sobretudo, falar de fé, devoção e autenticidade tão bem “encarnadas” nas pessoas da Ribeira de Viana.

Na verdade, a Rainha das Romarias de Portugal é única pela capacidade de fazer da rua um museu e uma mostra viva das tradições do Alto Minho. Contudo, aquilo que faz desta uma Romaria singular é mesmo a devoção à Senhora d’ Agonia - centro e origem da festa. Efetivamente, a Romaria nasce de uma Via Sacra, que partindo do Convento Franciscano de Santo António, rematava no antigo morro da forca. Foi aí que se construiu a Capela do Bom Jesus do Santo Sepulcro (1674), o Bom Jesus da Via Sacra. A devoção à Senhora d'Agonia ocorre a partir de 1751 com a entrada da imagem, na Capela do Bom Jesus. Em 1783, a Sagrada Congregação dos Ritos concedeu faculdade e licença para todos os anos se celebrar nesta Capela, no dia 20 de agosto, uma Missa Solene. Data que a cidade de Viana elegeu como Feriado Municipal e que continua a ser o “dia maior” da Romaria marcado, no presente, pela imponente Procissão ao Mar, que celebrou, no ano passado, cinquenta anos. Na verdade, a tradição de levar a imagem da Senhora d’ Agonia ao mar remonta a 1968 e deve a sua origem a Monsenhor Daniel Machado, então Pároco de Monserrate, que, em 1962, aquando da visita à cidade da Virgem Peregrina de Fátima, teve a ideia de a levar em procissão ao mar. Esta procissão viria a tornar-se um costume, mas depois com a imagem da Senhora d’ Agonia, à qual se juntam hoje em dia outras imagens.

Assim, a cada dia 20 de agosto, o Bispo Diocesano preside à Eucaristia no adro da igreja da Senhora d’ Agonia. Depois, tem início a procissão em direção ao cais, seguindo posteriormente, em dezenas de barcos, numa “visita” ao rio e ao mar. Já em terra, o regresso à igreja é feito pelas ruas da ribeira extraordinariamente ornamentadas com tapetes de sal realizados na noite anterior, sempre com motivos alusivos à fé, à cidade e ao mar. Trata-se de verdadeiras obras de arte e, acima de tudo, de autênticas manifestações de fé feitas por aqueles que, nesses dias, salgam as mãos e a alma. À chegada à igreja, a Senhora d’ Agonia despede-se dos fiéis num momento carregado de afeto e emoção.

Esta Procissão ao Mar é sempre o “ponto alto” das Festas, ainda que, na vertente religiosa, se deva referir também a realização da Procissão Solene que, habitualmente na tarde de domingo, percorre o centro histórico da cidade. Estes momentos são precedidos pela novena preparatória que se realiza no Santuário ao longo dos dias que antecedem o dia 20 de agosto.

Não faltam, por isso, motivos para participar na “Rainha das Romarias de Portugal”: a tradição, a arte, a cultura, a gastronomia e, sobretudo, a fé tantas vezes feita de suores e de lágrimas das gentes da Ribeira de Viana!

Pe. Renato Oliveira

Funchal

505º Aniversário da Criação da Diocese do Funchal

A Diocese do Funchal celebrou este ano 505 anos de fundação. Foi criada pela Bula Pro Excellenti de 12 de junho de 1514, do Papa Leão X, transferindo de Tomar toda a jurisdição espiritual para a Ilha da Madeira.

No período entre 1433 a 1514 as administrações civil e religiosa estavam a cargo do mestre da Ordem de Cristo. Todas as áreas atlânticas eram consideradas dependentes da Ordem de Cristo. A situação mudou em 1514 com a criação da Diocese do Funchal, a 12 de junho.

O bispo do Funchal tinha a jurisdição sobre toda a área ocupada pelos portugueses no Atlântico e no Índico. Deste modo, a Diocese compreendia, não somente as Ilhas deste Arquipélago, mas todos os territórios descobertos ou a descobrir pelos portugueses. Assim, a sua jurisdição estendia-se por todo o território africano ocidental e oriental, Brasil e Ásia. Por isso, o seu primeiro Bispo, D. Diogo Pinheiro usou o título de Primaz.

A 18 de outubro de 1517 foi celebrada a dedicação da Catedral. Em 1523 no coro da Sé, São Tiago Menor é proclamado protetor e defensor da cidade pelo capitão do Funchal, oficiais do concelho e cabido da Sé do Funchal.

O progresso económico e social levou à criação, em 1534, de novas dioceses, cujas áreas, foram desanexadas da Diocese do Funchal: Goa, Angra, Santiago e São Tomé, São Salvador da Bahía. Mais tarde, a 31 de janeiro de 1533, a Diocese do Funchal foi elevada à categoria de metropolitana e primaz. Em 1551 o papa revogou a situação passando o Funchal para simples bispado sufragâneo do Patriarcado de Lisboa.

O primeiro bispo a pisar o solo da diocese foi D. Ambrósio Brandão, em 1538, em nome do Bispo diocesano D. Martinho de Portugal. Depois da morte de D. Martinho de Portugal, o único arcebispo do Funchal, a sé permaneceu vaga até 1551.

E, em 1552, foi provido D. Frei Gaspar do Casal, que não residiu na ilha, sendo o facto mais saliente da sua ação o ter participado no Concílio de Trento. Os seus sucessores, D. Jorge de Lemos, D. Jerónimo Barreto e D. Luís Figueiredo de Lemos, aplicaram o Concílio e foram os verdadeiros obreiros desta reforma (Ver Dicionário de História Religiosa de Portugal).

Em 1558 chegou ao Funchal o primeiro Bispo nomeado a residir na Diocese, D. Jorge de Lemos.  Esteve na diocese até 1566. Atualmente o seu Bispo é D. Nuno Brás.

 

Devoção ao Divino Espírito Santo na ilha da Madeira

Desde há seiscentos anos que o povo madeirense tem uma grande devoção ao Espírito Santo, tendo sido os descobridores do arquipélago em 1420 e os povoadores, em meados de 1425, quem implementaram tal devoção. Assim os domingos do Tempo Pascal são vividos na Madeira com muita alegria. As visitas do Espírito Santo são motivo para se fazer festa, reunir a família, os vizinhos, os amigos para, em conjunto, agradecer ao Senhor os dons recebidos e implorar-Lhe proteção através do Divino Espírito Santo.

Na maioria das paróquias madeirenses os irmãos que levam a salva, as duas bandeiras e as duas meninas «saloias» são acompanhados por tocadores: violas, violino, acordeão. Aqui cabe uma palavra de agradecimento às meninas pelo esforço desenvolvido, apesar de ter a recompensa, pois na maioria das casas há sempre guloseimas para elas.

Como povo hospitaleiro o madeirense sabe receber condignamente estas visitas que se iniciam logo após a missa da manhã, em grande parte das paróquias a saída é às 10 horas.

Os cânticos interpretados pelas «saloias» são semelhantes em todas as comunidades, mas há algumas variantes musicais.

As visitas terminam, como já se disse, com a grande festa em dia de Pentecostes em zonas com as charolas de produtos da terra que serão depois leiloadas.

Fábrica de Porcelana da Vista Alegre e Igreja de Nossa Senhora da Penha de França (Ílhavo)

Fundada em 1824 e situada a apenas 8 quilómetros do mar e a 8 quilómetros do centro de Aveiro, junto à Ria, a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre foi a primeira unidade industrial dedicada à produção da porcelana em Portugal. Para a fundação e sucesso deste arriscado empreendimento industrial foi determinante o espírito de persistência do seu fundador, José Ferreira Pinto Basto, obtendo o alvará régio da parte de D. João VI a 1 de julho de 1824, instala nessa propriedade a Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, que recebe cinco anos depois o título de “Real Fábrica”, como reconhecimento pela sua arte e sucesso industrial.

Para conservar e guardar a memória da produção da porcelana artística da Vista Alegre instala-se o primeiro museu organizado em 1947 no antigo palácio, junto da Capela da Vista Alegre, e em 1964, este é ampliado e aberto ao público, mudando para os edifícios antigos da fábrica, local com espaço para alojar o espólio de peças de porcelana, documentos e desenhos, com mais de 30.000 peças. O Museu da Vista Alegre proporciona programas de visita organizada a título individual e em grupo, oficinas e um leque variado de exposições temporárias. Como resultado das recentes requalificações surgem ainda as novas lojas da marca Vista Alegre, um Laboratório de Artes e também o Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel, uma unidade hoteleira de cinco estrelas.

Do complexo edificado destaca-se a Igreja de Nossa Senhora da Penha de França, monumento nacional desde 1910. A igreja, de características maneiristas ao nível do espaço interno, caracteriza-se por uma série de elementos barrocos, principalmente na fachada que apresenta duas torres sineiras que enquadram o pano central, onde se rasga o portal e o nicho de colunas torsas com a imagem de Nossa Senhora da Penha e o Menino. A nave da igreja apresenta dois registos separados por uma moldura de pedra. No inferior, um conjunto de painéis de azulejos Setecentistas, de oficina lisboeta, ilustram cenas da Vida da Virgem. No segundo registo, abre-se a tribuna. É coberta por abóbada, onde se observa a pintura da Árvore de Jessé, que integra o conjunto de frescos que caracterizam o interior da igreja. Na capela-mor, também com abóbada pintada a fresco (representando a Assunção da Virgem) e painéis de azulejo, destaca-se o retábulo-mor, de embutido marmóreo fino.

Na capela-mor, encontra-se ainda o túmulo do bispo fundador da igreja, que foi para aí transladado em 1706, uma das peças mais interessantes de todo o conjunto. Concebido pelo escultor francês Claude Laprade, que é também o autor do baldaquino em talha dourada, o monumento funerário revela a figura do Bispo, no leito de morte, que se ergue perante a visão de Nossa Senhora da Penha de França.

Para mais informações:
www.vistaalegre.com
www.cm-ilhavo.pt/pages/1997

 

 

Paço episcopal do Porto aberto a todos

A notícia e o acontecimento talvez até já tenha algum tempo, no entanto parece-nos entusiasmante e imperdível. O Paço Episcopal da Diocese do Porto abriu as suas portas! A intenção deste projeto tem em vista uma maior aproximação aos portuenses, aos portugueses e a todos os que visitam a cidade o edifício da Paço Episcopal, uma das obras emblemáticas da cidade. As visitas terão lugar diariamente, com exceção das quartas-feiras e domingos e serão sempre conduzidas por guias. Será finalmente possível visitar este lugar mágico, palco do cortejo nupcial de Reis, símbolo da resistência dos Portuenses e ainda hoje residência do Bispo do Porto. O norte do país e a cidade do Porto em particular, ganham desta forma mais um importante ponto de interesse turístico para todos os que nos visitam.

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